Bons resultados na comunicação vêm da consciência de que você é o responsável por suas atitudes
Todos os animais se comunicam de alguma maneira, mas, nós, seres humanos, temos essa habilidade ampliada, tendo em vista que a humanidade deu significado ao ato de se comunicar a partir do momento em que construiu a linguagem. É justamente esta a ferramenta que utilizamos para nos entender com o mundo ao redor e, em inúmeras situações, nos desentender. Os desentendimentos, aliás, tão comuns, podem nos levar à seguinte pergunta: afinal, se possuímos a capacidade de expressão, por que será que tantas vezes falhamos na hora de nos comunicar?
Muitas vezes, nosso anseio em estar com o outro é receber dele reconhecimento, aceitação e amor. Usamos palavras e atitudes para que isso aconteça, porém, nem sempre o desfecho é o esperado. Em vez disso, o que recebemos é crítica, invalidação e rejeição.
Veja o exemplo de Arlete. Ela é casada há dois anos com Marcos (nomes fictícios), o ama e deseja receber dele a correspondência do amor. No entanto, é impaciente com o marido quando ele perde a hora de acordar, pela manhã, e os dois saem atrasados para o trabalho. Sempre que isso acontece, ela fica irritada, e mantém uma postura rude e agressiva ao falar durante todo o trajeto. Ele, por outro lado, não vê problema nesse comportamento e responde com irritação as admoestações da esposa.
Evidentemente, numa situação como esta, o amor recíproco fica abalado. O que eles entregam um ao outro são as críticas e as cobranças, apesar de quererem receber amor e compreensão.
O padrão de comportamento deste casal é inconsciente, ou seja, tem sido repetido ao longo do tempo sem que os mesmos percebam que é preciso melhorar a maneira como se comunicam. Assim como eles, tantas outras pessoas passam a vida repetindo atitudes no automático, sem sequer se dar conta de que o fazem.
Isso acontece porque, desde que nascemos, aprendemos a utilizar a linguagem, repleta de palavras e significados, para interagir com nossa família e com quem está ao nosso redor. O objetivo desta comunicação é atender ao nosso anseio de pertinência, ou seja, preencher a necessidade de sentir que fazemos parte de algum grupo.
Muitas vezes, no entanto, chegamos à vida adulta sem questionar tais aprendizados. Isto é, a verdade está estabelecida, as crenças instaladas e, a partir daí, a comunicação se efetiva de forma automática.
Por isso, quando somos criticados, mal interpretados ou não ouvidos, sentimo-nos impotentes e frustrados. Insistimos em recorrer a um mesmo padrão de comunicação, devolvendo ao outro nossa crítica e desqualificação. Afinal, foi ele que não entendeu e nem quis ouvir. E, assim, perpetua-se o problema. Quando o olhar fica no outro, seja na expectativa ou na avaliação, não há uma comunicação consciente e nem tão pouco efetiva. A comunicação consciente vem da responsabilização pelas suas atitudes.
Comunicação responsável
Como você pode tornar sua comunicação responsável? Em primeiro lugar, certifique-se da sua intenção. Comece sua fala com “EU”, isto é, responsabilize-se pelo fato de ser você quem pensa aquilo que está dizendo.
Fale do seu sentimento. Mencione sua própria dificuldade e o seu padrão de comportamento. Revirar o baú nunca será útil, portanto, seja específico; nada de repetir “você sempre” ou “você nunca”.
E, o mais importante, reconheça o outro, dê a ele o que você mais deseja. Ele, assim como você, é um ser humano inteiro que carrega dentro de si todo o bem e todo o mal que caracteriza a humanidade. O que está atrapalhando o convívio é a comunicação inconsciente. Ambos não sabem de si e foram treinados a olhar para fora e a culpar o outro pelo seu próprio sentimento.
A comunicação consciente e responsável lhe traz liberdade de escolha, pois, ao se responsabilizar pelo que está sentindo, você fica livre para viver o que é importante. Se você está zangado ou infeliz e o seu verdadeiro desejo é a paz, é você que precisa fazer alguma coisa em relação a isso. Recorrer à consciência e responsabilização é um excelente caminho para uma comunicação de sucesso.
Temas: Autoconhecimento, Carreira & Liderança, RelacionamentosHeloísa Capelas
CEO do Centro Hoffman, é expert em Autoconhecimento e Inteligência Comportamental, considerada uma das maiores especialistas no método Hoffman no Brasil. Palestrante, Coach, Master Practitioner em PNL, Consteladora Sistêmica, autora de "O Mapa da Felicidade" e de "Perdão, A Revolução que Falta", além de coautora de mais sete livros sobre Gestão de Pessoas, Liderança e Coach.
no exemplo do casal, não estaria havendo uma “dependÊncia” da esposa? por que ela não
acorda e sai para o seu trabalho ?
O exemplo serve sim para demonstrar nossas rusgas que alimentamos todos os dias porque
não conseguimos sair do “circulo vicioso” que instalamos.
Oi Judith, tudo bom? De certa forma há uma dependência, ligada a averiguar como o outro age, ela não consegue se desvincilhar e deixar pra lá. Muitas e muitas vezes ficamos repetitivos, sem perceber, nos arraigamos e viciamos em padrões de comportamentos negativos… no exemplo, quer seja vigiar ou cobrar do outro.