Outro dia, estava lendo uma reportagem sobre o mercado de trabalho brasileiro que apontava um dado contundente: mesmo em meio às altas taxas de desemprego, é cada vez maior o número de profissionais que pede demissão “simplesmente” porque não encontrou senso de propósito na própria carreira.
Fiz questão de destacar o “simplesmente” porque, bem, embora seja uma razão absolutamente válida, a verdade é que tomar uma decisão como essa não é simples assim. É preciso um tanto bom de coragem, disposição, comprometimento e persistência para promover tamanha guinada na vida profissional.
Sei, por experiência própria, como essa mudança toda pode ser difícil. Há mais de 35 anos, eu estava prestes a me aposentar numa importante instituição financeira do País, mas, daí, decidi que não dava mais para continuar daquela forma e com aquela vida… E, então, para o desespero dos meus pais (e de 100% das pessoas ao meu redor), simplesmente larguei tudo para investir numa nova empreitada.
Resultado? Aqui estou eu hoje, uma empresária muito bem-sucedida da área de desenvolvimento humano, palestrante, autora de dois best-sellers (“O Mapa da Felicidade” e “Perdão – A Revolução que Falta“), além, é claro, de diretora do Centro Hoffman – a segunda maior empresa do mundo em número de alunos inscritos no Processo Hoffman, que, por sua vez, é considerado o mais eficaz curso de autoconhecimento já criado.
A minha história de sucesso certamente pode servir como inspiração para muita gente (embora, há sempre que se lembrar, tenha sido também uma trajetória marcada por inúmeros percalços e dificuldades). Mas, não posso deixar de lhe dizer que, infelizmente, nem todo mundo consegue fazer com que essa transição seja bem-sucedida.
Conheço uma porção de gente que falhou na missão de mudar de carreira: alguns se arrependeram, outros não encontraram nunca algo que lhes desse o tal senso de propósito e outros tantos apenas desistiram pelo caminho e abraçaram a frustração.
Então, pensando nisso tudo, hoje eu decidi preparar um conteúdo que possa não só lhe estimular, mas, essencialmente, oferecer instrumentos para empreender a guinada profissional que deseja. Como disse agora há pouco, talvez não seja fácil, mas o primeiro passo é justamente conquistar Autoconsciência sobre o que se está vivendo; é chegar num lugar em que se possa dizer, concretamente, “não quero mais continuar desta forma e nem com esta vida”. E o que vem depois?
Para dar início a uma mudança verdadeiramente efetiva, é preciso que você seja muito, muito honesto(a) sobre o que está de fato vivendo e esperando da sua carreira. Volte os olhos e a atenção para si e tente identificar o que, exatamente, está causando tanta infelicidade no seu trabalho.
1) Para mudar de carreira, comece a rever suas crenças
Não sei como estão sua cabeça e seu coração neste momento, mas me lembro bem dos dias em que me dei conta de que estava MESMO decidida a transformar minha vida profissional. A ansiedade e o medo tomaram conta de mim, e com razão: um passo tão importante precisava ser mesmo muito bem pensado e avaliado.
O mesmo vale para você, mas, não se engane. Não quero que tema a mudança em si, porque, queiramos ou não, as mudanças nos acontecem o tempo todo – e, muitas vezes, sem que tenhamos nenhum controle sobre o que está nos acontecendo. A minha proposta é que você dê, só mais uma vez, um passo para trás e se pergunte com ainda mais honestidade e profundidade: o que é que lhe falta hoje, na carreira atual, para que você se sinta verdadeiramente feliz e propositado(a)?
Via de regra, quando faço essa pergunta aos meus alunos, o que eles me contam é que convivem diariamente com a ansiedade, a angústia, o desânimo e a apatia. Muitos relatam ainda que, quando chega domingo à noite, têm vontade de chorar porque não querem “ter que trabalhar” no dia seguinte. Em suma, quando o trabalho vira uma obrigação e só uma obrigação, é muito difícil ser feliz.
E, claro, se estivermos infelizes no aspecto profissional, as chances são de que essa infelicidade vai ‘contaminar’ as outras áreas da vida. Consequentemente, isso tem grande impacto na saúde como um todo, afinal, já se sabe que as emoções negativas desencadeiam inúmeros problemas – principalmente quando as somatizamos e as transformamos em doenças como depressão e ansiedade.
Por isso, para dar início a uma mudança verdadeiramente efetiva, é preciso que você seja muito, muito honesto(a) sobre o que está de fato vivendo e esperando da sua carreira. Volte os olhos e a atenção para si e tente identificar o que, exatamente, está causando tanta infelicidade no seu trabalho.
É a área em que você atua? São seus chefes? São as atividades que realiza ou seus colegas de trabalho?
Nosso cérebro tende a generalizar, então, é importante procurar quais aspectos especificamente estão lhe causando essa infelicidade. Aí estará sua solução, neste emprego e/ou carreira ou em outros.
Em suma, a minha dica é: liste quais são os problemas da sua carreira hoje, mas seja pontual e específico. Assim, caso realmente queira dar essa guinada, poderá começar por outro lugar e com mais chances de ser mais feliz com sua nova escolha.
2) Responda: para você, o que é ter uma carreira feliz?
Já que falamos sobre “ser feliz”, preciso lhe dizer que, bem, a felicidade no trabalho, assim como na vida em geral, tem tudo a ver com gostar daquilo que se faz. É preciso sentir prazer com a atividade e com as relações estabelecidas nesse ambiente, até porque, na maior parte das vezes, é nele que passamos o maior tempo de nossas vidas.
No entanto, há um engano que precisa ser desfeito: é quase impossível ter prazer o tempo todo, gostar de absolutamente todas as atividades e/ou pessoas o tempo todo. Todo mundo, invariavelmente, acaba passando por uma ou outra fase mais difícil, desanimadora e até desmotivadora.
Mais que isso, é claro que nós vamos gostar mais de umas tarefas do que de outras, mais de alguns colegas do que de outros. E essa compreensão é superimportante: é possível encontrar felicidade mesmo exercendo atividades pouco estimulantes, mesmo vivendo fases estressantes, mesmo lidando com pessoas com quem se tem pouca afinidade. O jeito é compreender de onde vem esse “desgosto” e, a partir disso, buscar maneiras de transformar essas tarefas e essas relações em algo mais prazeroso.
Outra coisa a ser considerada é se, por exemplo, seu ambiente de trabalho e/ou empresa estão passando por uma fase ruim/difícil, delicada e momentânea. Nesses casos, é preciso compreender que a situação existe naquele instante, mas não para sempre. Com alguma paciência, talvez, você possa recuperar a satisfação na atividade em que realiza.
3) Encontre o seu propósito (e, claro, trabalhe por ele) para mudar de carreira
Até aqui, eu lhe propus algumas reflexões para que desenvolva a autoconsciência e, assim, consiga se certificar de que deseja realmente promover uma transformação profissional. E, com base nas suas respostas, eu quero lhe convidar a dar mais um passo rumo à sua transição de carreira: agora que já sabe quais aspectos lhe causaram dor, infelicidade e frustração na sua atual rotina de trabalho, quais ações concretas pode promover para empreender uma nova atividade profissional – na qual obtenha mais prazer, mais felicidade e completude?
A minha dica é: encontre o seu propósito e pergunte-se “PARA QUÊ”.
Para que eu vivo?
Para que eu existo?
Para que sou a pessoa que eu sou?
Para que quero mudar de carreira?
Para que desejo guardar ou ter dinheiro?
Para que desejo contribuir com o mundo?
Para que quero ser líder?
Para que…
Veja que é diferente de usar “por quê?”. A resposta do “por que” leva você ao passado ou a uma reposta de status quo como: “guardo dinheiro para me sentir seguro”. Já o “para que” leva você a refletir sobre qual o sentido de guardar dinheiro.
Quando estamos conectados ao autoconhecimento conseguimos responder ao “para que” com muito mais fluidez e facilidade. As suas respostas vão lhe conectar ao seu propósito – e, se estiver conectado(a) ao seu propósito, eu lhe garanto: as suas mudanças serão marcadas por positividade.
Bem, espero ter lhe ajudado com esse conteúdo! Até a próxima.