Estava eu aqui, conversando com uma amiga, que me disse: “não consigo me apaixonar por ninguém; conheço pessoas, me envolvo, fico por algum tempo, mas depois me canso. Mando todo mundo embora”.
A dificuldade em se apaixonar, como escrevi no eBook “Relacionamento a Dois: Como Seu Comportamento Cria a Relação que Você Tem”, acontece esporadicamente, tanto entre homens como entre mulheres, e nem sempre deve ser vista como um problema. Isso só merece ser tratado como um aspecto difícil se a pessoa sente algum tipo de desgaste, tristeza ou qualquer tipo de emoção negativa em decorrência disso.
Do contrário, estaremos nós, do lado de fora, questionando a alguém sobre sua capacidade de amar ou de se entregar – apenas porque aquilo é um incômodo nosso, não necessariamente da pessoa.
Também é importante dizer que a paixão tem muito mais a ver com o que eu vejo no outro e não, exatamente, com o que o outro realmente é. Não que seja exclusivamente uma criação minha; mas as características mais imediatas que eu vejo e que me encantam em alguém só se tornam visíveis aos meus olhos porque eu as reconheço.
E estamos aqui falando de paixão, mas também a considerando como sinônimo de amor, pois em nossa cultura, a paixão é tida como um sentimento mais arrebatador não é mesmo? Bem, até sobre este aspecto precisamos avaliar que o que uma pessoa considera como paixão pode ser diferente da outra pessoa, depende o aprendizado emocional que cada um tem sobre isso.
De qualquer forma, quando a dificuldade se apresenta como algo negativo, é preciso identificar o que a desencadeia. O medo de se machucar, o desejo de se dedicar exclusivamente à vida profissional em detrimento à pessoal, a cobrança excessiva (direcionada si e/ou ao outro) ou mesmo a dificuldade em criar empatia suficiente para estabelecer relacionamento saudáveis são alguns dos aspectos que podem figurar nessa lista.
Os “traumas” em relacionamentos anteriores também costumam pesar. Mas, é importante dizer que, o que para mim é um trauma, para você pode não ser. Por exemplo: assim como a afetividade na infância, tenha sido ela excessiva ou mínima, pode ser o fator desencadeador da dificuldade em se apaixonar. Depende mesmo de como aquele indivíduo absorveu esse aspecto quando pequeno e de como lida com ele hoje, na fase adulta.
Seja qual for a razão, a partir do momento em que a pessoa se sente desconfortável ou triste com o fato de não conseguir dar esse passo, cabe a ela investigar a si mesma pelo processo de Autoconhecimento para identificar quais são as razões que lhe trazem esse bloqueio.
Amor fora das telonas
O ato de se apaixonar é parametrizado em nossas vidas de diversas formas: em filmes, músicas, nas relações que vemos ao nosso redor e em tantos outros momentos. Por isso, muita gente espera se apaixonar dentro desses parâmetros e ignora que cada um tem a capacidade se sentir essa emoção de forma individual e incomparável.
Dito isso, a dificuldade de se apaixonar é real não quando praticamos essa emoção de forma diferente do resto do mundo, mas quando simplesmente não conseguimos estabelecer ou entrar em contato com o amor por ninguém. Esse “bloqueio” é um sinal de que algo pode estar errado.
As pessoas que, de fato, não se apaixonam, em geral, são as que têm dificuldade em estabelecer conexão com o amor e com o olhar direcionado ao próximo. As formas como elas se comportam diante disso não pode ser generalizada – pode ser que elas fujam da relação, como também pode ser que se esforcem ao máximo para permanecer ainda que sem o sentimento.
Ainda assim, a frustração deve aparecer em meio a isso e é importante que elas se questionem sobre o que estão sentindo para que possam lidar com essa emoção.
O Autoconhecimento é o melhor caminho para lidar com essa dificuldade. É preciso exercitar a capacidade de olhar para si mesmo, identificar a compreensão que se tem do amor e das relações amorosas, e se essas crenças que se têm sobre o amor têm sido positivas ou negativas na própria vida.
A gente só consegue dar ao outro aquilo que já temos para nós mesmos. Sendo assim, só podemos oferecer amor se, dentro de nós, houver amor-próprio suficiente.