Recentemente, ministrei uma palestra numa grande companhia de São Paulo, na qual recebi inúmeras perguntas sobre ansiedade e depressão. Não sei se você sabe, mas, hoje, essas são duas das principais causas de afastamento nas empresas e, mesmo assim, ainda há muitos tabus e mitos em torno desses temas.
Infelizmente, há quem ainda ache que se trata de frescura, fraqueza de espírito, ou que basta um pouquinho de força de vontade para vencer esses quadros. É uma pena! Há bastante tempo tenho reiterado que as coisas não são bem assim.
A ciência já comprovou que a ansiedade e a depressão afetam o funcionamento químico do cérebro e chegam a alterar as nossas estruturas neurológicas. Então, não se pode brincar com o assunto; portanto, se este é seu caso, por favor, aceite minha recomendação, e procure ajuda de um especialista. Afinal, se você o faria para cuidar de uma dor de ouvido ou muscular, por que é que ignoraria algo que está afetando seu quadro psíquico e mental?
Dito isso, hoje, eu quero lhe contar como é que a metodologia Hoffman entende e cuida desses temas. Para isso, preciso voltar um pouquinho no tempo. Lá atrás, quando Bob Hoffman concebeu o treinamento ao qual chamou de Processo Hoffman, a ansiedade e a depressão já afetavam a humanidade, mas ainda muito pouco se sabia ou se falava a respeito.
Desde então, assim como fizeram todas as ciências e filosofias humanas, a metodologia Hoffman também buscou se atualizar para acolher as inúmeras transformações que se fizeram notar na sociedade. E nem poderia ser diferente, afinal, passamos a receber uma quantidade grande de alunos em busca de ajuda justamente para superar seus quadros de ansiedade e depressão.
O que eu sempre digo para essas pessoas é que, bem, o Processo Hoffman já tem resultados excelentes e cientificamente comprovados neste sentido. Mas, claro, nem a ansiedade e nem a depressão somem do dia para a noite, como num passe de mágica. Por isso, antes, durante e depois do treinamento, o que nós aconselhamos a todos é que mantenham o acompanhamento com um profissional da área de saúde, além de dar prosseguimento ao uso das ferramentas que aprendem no curso. A combinação desses fatores é o que trará uma recuperação efetiva e sólida para quem sofre com essas dores.
Mas, então, como é exatamente que nós, especialistas na metodologia Hoffman, lidamos com a ansiedade e com a depressão? Para lhe explicar com máxima precisão, separei, a seguir, as principais perguntas que recebo a respeito do assunto. Desta forma, montei um guia definitivo em que trato de todos aspectos relacionados a esses temas. Vamos lá?
Desde então, assim como fizeram todas as ciências e filosofias humanas, a metodologia Hoffman também buscou se atualizar para acolher as inúmeras transformações que se fizeram notar na sociedade. E nem poderia ser diferente, afinal, passamos a receber uma quantidade grande de alunos em busca de ajuda justamente para superar seus quadros de ansiedade e depressão.
1) Como a metodologia Hoffman entende a ansiedade e a depressão?
A abordagem do Processo Hoffman parte do entendimento de que tanto a ansiedade quanto a depressão são estados emocionais que nos tiram do momento presente. Isso acontece porque a depressão nos aprisiona às frustrações do passado, enquanto a ansiedade nos mantém reféns das expectativas para o futuro. Por isso, tanto em um caso quanto em outro, é muito importante desenvolver ferramentas que nos permitam fincar os pés no presente.
Com base na nossa experiência de mais de 50 anos, temos visto que o Autoconhecimento pode ser um grande aliado nesse sentido. Quando conseguimos olhar para nós mesmos, de forma isenta e sem pesar demais na autocrítica, nos tornamos capazes de identificar a origem dessas emoções para amenizá-las ou substituí-las. Também passamos a compreender, profundamente, que o ontem e o amanhã não existem; o agora é o único momento possível, portanto, é preciso desfrutá-lo e torná-lo o mais prazeroso e produtivo possível.
2) Segundo a metodologia Hoffman, quais são os sintomas da ansiedade e da depressão?
Quando falamos sobre doenças emocionais, é importante dizer que os sintomas não são tão palpáveis como seriam se estivéssemos investigando um problema físico. Existe, sim, um conjunto de possíveis indícios, mas o mais importante mesmo é a própria pessoa observar a si mesma. Qualquer oscilação em relação ao que considera normal a seu próprio respeito serve como indício.
Alguém que está habituado, por exemplo, a dormir oito horas por noite e, por qualquer motivo, passa a dormir por 14, 15 horas; alguém que costumava fazer três refeições ao dia e, agora, faz seis ou sete. Essas mudanças de comportamento podem muito bem aparecer como sintomas de depressão e da ansiedade; mas, também, podem apenas indicar que se está passando por um momento diferente ou até difícil.
Como eu disse, então, é importante que o indivíduo se observe e, se possível, conte com a ajuda de pessoas próximas – que lhe servirão como placa de sinalização. Procurar um médico ou especialista é sempre uma opção, mesmo que o quadro não seja confirmado.
3) Além das ferramentas empregadas durante o Processo Hoffman, há outros instrumentos indicados para tratar a ansiedade e a depressão?
Em casos extremos, evidentemente, o tratamento medicamentoso se faz necessário e indispensável. Mas, antes que a ansiedade e a depressão virem patologias, eu indico a prática da meditação e de técnicas de respiração.
Para começar, a meditação pode auxiliar no controle emocional e nos dá a capacidade de lidar de maneira equilibrada com os nossos sentimentos, em quaisquer circunstâncias.
Por sua vez, há estudos científicos que comprovam a eficácia da respiração em diversos aspectos do corpo e da mente. A neurociência acredita que respirar com qualidade significa viver mais e melhor. Isso porque, quando respiramos de maneira prolongada (lenta e profundamente), contribuímos para eliminar as toxinas que se formam no corpo, modificando os resíduos, equilibrando as funções orgânicas e ajudando no fortalecimento de organismos debilitados.
Essa troca de toxinas é diretamente ligada à nossa energia vital e consequentemente à parte emocional. Tornar a respiração mais lenta e profunda ajuda a acalmar e relaxar o organismo, diminuindo as batidas do coração, e nos devolve ao momento presente.
Outra dica que funciona bastante é recorrer ao que chamo de frases poderosas. A neurociência também já está comprovando a eficácia dessa técnica, que consiste em criar uma ou mais frases positivas e repeti-las para si mesmo até que se tornem verdades. A ideia é que você expresse algo novo e positivo a seu respeito e o repita como um mantra.
Essas práticas todas ganham ainda mais força se acompanhadas de um trabalho de Autoconhecimento intensivo, como o proposto pelo Processo Hoffman. Como disse antes, é de extrema importância que a pessoa consiga reconhecer quais gatilhos disparam a sua ansiedade e sua angústia. E, uma vez que tiver consciência de como isso acontece, ela poderá decidir, conscientemente, lidar com essas situações de maneira mais positiva.
4) Nós também aprendemos a ansiedade e depressão por cópia e repetição?
De acordo com a metodologia Hoffman, todos nós trazemos, da infância, um conjunto de comportamentos aprendidos com nossos pais e familiares que, hoje, são determinantes na forma como agimos enquanto adultos. Nós os repetimos à exaustão de maneira inconsciente, sem perceber, e só conseguimos freá-los quando nos tornamos conscientes de que é isso que estamos fazendo.
Então, sim: para nós, ansiedade e depressão também são comportamentos que aprendemos enquanto crianças e que continuamos a reproduzir de forma compulsiva. E, claro, para além da questão comportamental, as pesquisas também já mostram que há componentes genéticos e hereditários por detrás de ambas as doenças, portanto, de um jeito ou de outro, as chances são de que não fomos os “criadores” da ansiedade e da depressão no nosso núcleo familiar.
Dito isso, ainda que não se possa mudar a nossa carga genética, a boa notícia é que o aspecto comportamental pode ser reprogramado. É possível, sim, instalar um novo “software”, mais positivo, que nos permita agir de maneiras até então impensadas. Isso é o que acontece quando aprendemos a respirar, por exemplo, ou quando recorremos às frases poderosas. Com esses instrumentos, conseguimos ficar atentos ao que diz a nossa mente e afastar os pensamentos catastróficos (já reparou que nós tendemos a ficar muito mais ansiosos e angustiados quando imaginamos que as coisas vão dar muito errado ou muito certo?).
5) Por que temos mais pessoas ansiosas e depressivas hoje do que no passado?
Por muito tempo, as doenças emocionais não foram corretamente diagnosticadas. Mesmo que fossem conhecidas, por vezes, essas doenças foram ‘ignoradas’ pelos médicos, o que em partes invalida a comparação com os dados de hoje. Afinal, a partir do começo desse século, quando a medicina começou a olhar mais de perto para esses quadros, mais pessoas foram diagnosticadas e, consequentemente, maior é o índice da população atingidas por tais doenças.
Dito isso, aí sim é importante também compreender por que é que a depressão e a ansiedade viraram endêmicas no mundo todo. Há várias e várias análises possíveis, mas uma das que considero mais importantes é o fato de que, por muitas e muitas décadas, a sociedade privilegiou a inteligência e a saúde intelectual em detrimento da emocional. Priorizava-se, assim, tudo que pudesse fazer com que as pessoas fossem mais racionais, mais lógicas, sem que se desse a mesma atenção à forma como se sentiam ou lidavam com suas emoções.
Vejo, então, que o aumento nas doenças emocionais tem muito a ver com isso. É um sintoma que retrata a nossa sociedade: se continuarmos a decidir e a viver alinhados apenas com o racional, continuaremos a ignorar o emocional, o que gera desequilíbrio. E o desequilíbrio é a origem de qualquer doença.
6) Para a metodologia Hoffman, a tecnologia tem alguma influência nesses quadros?
Com a internet acessível em praticamente todo lugar a que se vai, as pessoas passaram a estar sempre ativas, sempre antenadas, sempre “fazendo algo”. Assim como nossos aparelhos, a gente também nunca se ‘desliga’. Isso, claro, aumenta a ansiedade. Estar sempre um passo à frente virou uma espécie de prerrogativa de sucesso na nossa sociedade. E o que é estar um passo à frente se não viver com a cabeça no futuro?
A tecnologia de hoje, em suma, estimula a nossa impressão de que o futuro já é agora. Mas nós, seres humanos, não somos máquinas e não damos conta de acompanhar tanta agilidade. O mundo está mais rápido, nossas respostas são touch, somos demandados o tempo todo, mas a nossa capacidade de responder a tudo isso não mudou.
Ou seja: nosso tempo para mudar internamente, para gerir nossas emoções, para alinhá-las aos nossos pensamentos continua a mesma – e o desejo de acompanhar e dar conta de tudo é o que fomenta a nossa ansiedade. Nós ficamos sem foco e, por isso, o Autoconhecimento é um excelente caminho contra esse sintoma. Afinal, a sua principal proposta é a capacidade de focar em si mesmo, de levar atenção para dentro, de praticar a auto-observação com o objetivo de se perceber e perceber as próprias emoções.
Em resumo, a ansiedade está sempre ligada à expectativa. Quanto maior sua expectativa, maior seu olhar para o futuro e menor sua presença no presente. Você está sempre no “depois” e no “amanhã”, o que se transforma num vício de comportamento, num padrão compulsivo que gera cada vez mais ansiedade, porque aumenta suas expectativas. Como você tem muitas expectativas, muito provavelmente também experencia muita frustração – o que vira um círculo vicioso, porque, para não viver a frustração, você cria ainda mais expectativas e vive ainda mais ansioso.
Para tratá-los ou amenizá-los, portanto, primeiro você precisa identificar a causa, entender o que é que você está vivendo, quais são seus pensamentos e angústias que desencadeiam sua ansiedade e sua angústia. Buscar a causa é isso, é se perguntar: o que exatamente eu estou pensando ou sentindo? A ansiedade e a depressão são “só” consequências. Conhecendo as causas, sem dúvida nenhuma você pode usar técnicas para amenizá-los.
7) Existe alguma técnica para perceber os gatilhos que desencadeiam a ansiedade e a depressão?
Como disse, quando você sabe qual é a causa, você consegue perceber quais são os gatilhos. E isso se dá pela autoconsciência. Por exemplo: você é o dono da verdade? Controlador? Está sempre no futuro? Cria expectativas fantasiosas? Você é perfeccionista? Tem muito medo do julgamento alheio? Tem muito medo de errar? Todos esses comportamentos podem ser causas.
Se você se identificar com uma ou mais dessas causas, pode então perceber em quais situações suas causas costumam se manifestar e fazer com que se sinta mais ansioso ou deprimido. A partir daí, com consciência disso, você pode mudar seu comportamento e gerar outro tipo de emoção e pensamento diante daquela situação. Ou também pode se proteger e evitar de se colocar nas situações que lhe fazem ficar mais ansioso ou deprimido.
8) Dica: o que você pode fazer para afastar a ansiedade e a depressão na prática
O grande trunfo é conquistar Autonomia Emocional. A falta de Autonomia Emocional significa autorizar às pessoas e às situações a terem poder sobre nossas emoções, atitudes e decisões. No extremo, ser feliz ou infeliz fica dependendo dos eventos externos e dos comportamentos das pessoas em relação a você. É preciso, então, rever quanto de poder você está dando para “o quê” ou “quem” está do lado de fora. Para isso, as minhas dicas são:
Desenvolva o Autoconhecimento
Volte a atenção para si mesmo. Observe-se com calma e apenas deixe fluir suas emoções e pensamentos. Se puder, tente identificar: o que é que você está pensando e sentindo? Por que é que está pensando e se sentindo assim? Se for capaz de reconhecer os gatilhos que lhe deixam ansioso ou angustiado, terá mais facilidade em manter afastada essa emoção.
Finque os pés no presente
Lembre-se que o único tempo que você possui é o AGORA. Por mais clichê que isso pareça, perceba: o passado já foi, o futuro ainda não chegou e o único momento possível é o agora. Então, procure manter o foco nesse tempo, o tempo de já, desse instante, do hoje. Quanto mais fincar os pés no presente, mais poderá transformá-lo num verdadeiro presente para si.
Pratique a positividade
Ser positivo é estar e se sentir livre, aberto, disponível e pronto para receber o que é seu. Mais que isso é compreender que, se algo acontece, acontece por um motivo. Então, pergunte-se: PARA QUE essa situação está me acontecendo? O que ela me traz de aprendizado?
Respire com consciência
A respiração consciente, essa sobre a qual estou falando, é bastante simples. A ideia é mesmo essa: simplesmente dizer a si mesmo “agora, vou respirar com atenção”. E fazê-lo por, pelo menos, cinco minutos. Como disse antes, pensar para respirar é o mesmo que respirar com atenção.
Respirar com atenção nos ajuda a sair do piloto automático e tomar consciência de uma ação que, até então, era feita espontaneamente, ou seja, significa dar o primeiro passo para começar a se olhar com outros olhos, para começar a se enxergar com mais atenção. Experimente realizar esse exercício antes de tomar decisões difíceis. Você vai ver como sua impulsividade perderá espaço para escolhas mais sustentáveis e positivas.
Assuma a responsabilidade por si mesmo
As suas escolhas diárias determinam os resultados que obtém. Então, errando ou acertando, lembre-se que foi você mesmo quem gerou esse resultado. Perdoe-se por suas falhas e siga em frente; aplauda suas vitórias e siga em frente. É só você quem pode fazer isso.
Para finalizar, reitero mais uma vez que, diante de quadros graves de ansiedade e de depressão, é preciso procurar ajuda terapêutica e/ou clínica. Ainda assim, os tratamentos à base de remédios ajudam bastante, mas são paliativos. Quem cura é a autoconsciência, ou seja, o trabalho que você realiza consigo mesmo – e que só você pode fazer por si.