Agora falta pouco para o Natal e o Réveillon, e também estou chegando ao fim da série de conteúdos inéditos que preparei para todos aqueles que desejam fazer, do ano que vem o ano da renovação!
O tema de hoje é vida familiar: como é que você pode ser protagonista de mudanças positivas nas suas relações e dinâmica familiar?
Bem, não sei se você sabe, mas, essencialmente, é dessa reflexão que nasce todo o princípio por detrás da metodologia Hoffman. Mais especificamente, o Processo Hoffman se baseia na desconstrução do aprendizado infantil que obtivemos junto aos nossos pais na infância – que, ainda hoje, impactam diretamente no adulto em que nos tornamos sem que tenhamos consciência.
Vou exemplificar para que fique mais claro, então, se puder, conte-me honestamente: quais comportamentos dos seus pais (biológicos ou adotivos) mais lhe magoaram e irritaram quando você era apenas uma criança? O que é que eles faziam que, realmente, nunca saiu da sua cabeça e, talvez, nem do seu coração?
Eles eram muito duros quando você errava? Ou, ao contrário, pareciam se importar tão pouco que nem sequer percebiam que você havia cometido uma falha?
Eles eram cobradores, pegajosos, controladores?
Eram esquecidos e pouco atenciosos?
Costumavam trabalhar muito e, por isso, você os via pouco?
Dificilmente davam demonstrações de amor e de carinho a você e/ou a seus irmãos?
Enfim, o que é que eles faziam de “ruim” que, imediatamente, passa pela sua cabeça nesse instante?
Se você não consegue pensar em nada, peço, por favor, que insista mais um pouco. Lembre-se que não há absolutamente nada de errado em criticar os próprios pais ou familiares – por mais esforçados e incríveis que tenham sido ou ainda sejam, eles são apenas seres humanos e, por isso, imperfeitos assim como toda e qualquer pessoa.
Agora que fez essa reflexão, eu lhe pergunto então: quanto deles e desse comportamento do qual você se lembrou se repete agora na sua vida e no seu comportamento? Será que hoje você faz igualzinho a eles? Ou exatamente o contrário?
Ame-os com todo o seu vigor: eles não são e nem serão perfeitos, mas são a família que você tem. Se também tiverem consciência de si, como você tem agora, talvez consigam contribuir para a sua meta: vou torcer para que, juntos, em família, vocês consigam a renovação que tanto buscam!
Por experiência própria
Antes de continuar, gostaria de compartilhar o que eu mesma vivi quando ingressei no Processo Hoffman pela primeira vez, há quase quatro décadas. Lembro claramente de relatar às minhas professoras que tinha tido pais muito, muito, muito duros. Na minha memória, havia passado a infância toda sem receber um único elogio. Se ia bem na escola, se ajudava em casa, se me comportava com meus irmãos, enfim, fosse qual fosse minha “conquista”, não fazia mais que minha obrigação.
Eu me lembrava (e ainda me lembro) claramente do quanto havia doído toda aquela falta de reconhecimento. Pensava: “poxa, eu era apenas uma criança. Não teria custado nada enaltecer uma ou outra das minhas qualidades em vez de só me dar tanta bronca”.
Mas sabe o que é pior? Eu mesma, que na época já era mãe das minhas duas filhas mais velhas, fazia exatamente igual! Também exercia uma maternidade dura, sem elogios ou reconhecimentos. E esse comportamento não ficava restrito a elas: eu agia da mesma forma com todos do meu entorno, meus amigos, marido, irmãos, colegas de trabalho, enfim… Ninguém, nunca, recebia um único elogio de minha parte; pelo contrário: se alcançavam bons feitos, não faziam mais que sua obrigação; se falhavam, eram alvo das minhas críticas!
O que quero dizer com isso é que, bem, invariavelmente, todos nós aprendemos por cópia e repetição com nossos pais. Entendemos aquele conjunto de comportamentos (inclusive os gestos negativos que tanto nos magoaram) como uma demonstração de amor. O que eles faziam, eles faziam apenas porque nos amavam.
O problema é que, enquanto não ganhamos consciência disso, reproduzimos (ou rejeitamos por completo) aquele mesmo comportamento – porque, afinal de contas, para nós, isto significa amar e é assim que se demonstra amor. Afastamos, assim, a possibilidade de viver relações mais positivas com nosso entorno, principalmente com nossa família.
Como isso impacta a sua vida familiar
Uma das lições mais valiosas que o Processo Hoffman nos traz é a convicção de que ninguém no mundo é perfeito, nem nunca será. Essa compreensão é extremamente libertadora porque, uma vez assimilada com o coração, faz com que abandonemos de vez esse parâmetro. Ou seja, quando não mais buscamos a perfeição, estamos prontos para simplesmente aceitar o que somos: “essas são minhas qualidades e habilidades; esses são meus defeitos e falhas; e, somados, esses dois lados me compõem e me tornam uma pessoa única”.
Essa revolução pessoal é essencial para que se possa promover uma revolução familiar. Quando você se dá ao direito de ser apenas quem e como é, também consegue fazer o mesmo pelos membros da sua família – inclusive por seus pais, seus filhos, seus irmãos e seu parceiro ou sua parceira.
Isso porque, tal como aconteceu comigo, ao compreender e aceitar que você comete erros porque não é perfeito e que, além de tudo, você não erra por mal e nem com a intenção de errar, ganha a chance de oferecer a mesma compreensão e aceitação ao outro: afinal, ninguém é o que é porque quer – nem você, nem seus pais cobradores, exigentes, pegajosos, negligentes, esquecidos etc.
Isso lhe traz compaixão. Você entende, de coração e profundamente, que ninguém é melhor que ninguém, e que todo mundo erra com o mais puro desejo de acertar.
Sua história é exemplo disso:
Por amor, você copiou a seus pais. Assim como seus irmãos. E, muito provavelmente, “herdou” deles até as características que preferia ter deixado para trás.
Seus filhos vão lhe copiar por amor. Talvez, tenham suas manias, seus vícios e, quem sabe, uma ou outra das suas habilidades.
Seu marido copia aos próprios pais por amor.
E assim por diante.
A questão é: se nós, já adultos, tivermos consciência disso, poderemos, enfim, revolucionar a nossa própria existência no mundo… Já imaginou, por exemplo, que, em vez de simplesmente copiar a seus pais compulsivamente e sem perceber, você pode escolher quais traços positivos deles quer reproduzir na sua vida?
Compaixão e perdão: as competências que farão a diferença
Quando escrevi o livro “Perdão – A Revolução que Falta”, imaginei o quanto aquele conteúdo poderia beneficiar diversas famílias. Sim, porque, essencialmente, o que conto ali é justamente a forma como perdoar beneficiou a MINHA própria família através das mais difíceis fases.
A minha grande defesa é, justamente, essa: o perdão é a chave para que possamos todos revolucionar as nossas rvidas e, consequentemente, as nossas elações para melhor.
Então, se o que você quer para o ano que vem é fortalecer, revigorar e renovar suas relações familiares, que tal começar por sua própria história? O primeiro passo é: perdoe-se. Seja lá o que você fez ou como fez nessa relação – se foi ausente, se foi submisso(a), se foi autoritário(a), entre tantas outras possibilidades –, certamente, fez o seu melhor. Assuma sua falha e decida que, a partir de agora, buscará agir de outra forma.
Em seguida, ofereça seu perdão – e saia da vitimização. Tal como você, seus familiares fizeram apenas o melhor que podiam.
E, por fim, conecte-se ao seu amor-próprio para oferecer e receber o amor que tanto deseja estabelecer com sua família.
Ame-se com toda a sua coragem: há sempre o que melhorar, mas também há sempre o que aplaudir a seu respeito. Isso não é incrível?
Ame-os com todo o seu vigor: eles não são e nem serão perfeitos, mas são a família que você tem. Se também tiverem consciência de si, como você tem agora, talvez consigam contribuir para a sua meta: vou torcer para que, juntos, em família, vocês consigam a renovação que tanto buscam!
Espero ter contribuído.