Você pode não reconhecer esse estado conscientemente, mas ele foi desenvolvido por vias emocionais durante a infância e adolescência, e até hoje influencia seus comportamentos, em especial, os negativos.
A teoria sobre esta Síndrome é a base do principal treinamento que eu aplico, o Processo Hoffman, e foi desenvolvida por Bob Hoffman há mais de 50 anos.
Afinal, o que é a Síndrome? Bob dizia assim: “no sentido mais amplo, o Amor Negativo é nada mais do que o estado de se sentir indigno de ser amado”.
O que a Síndrome afirma é que todos nós, sem exceção, aprendemos na infância os comportamentos que nos são ‘típicos’ até hoje. Ao observar como eram e como agiam nossos pais ou substitutos, passamos a reproduzi-los simplesmente porque acreditamos que aquela ‘forma de ser’ era o único caminho possível para dar e receber amor. Esse aprendizado ficou incutido em nosso inconsciente, introjetado em nossa memória emocional.
Talvez, você esteja dizendo agora: “não, eu nunca tive nada a ver com meus pais”. Infelizmente, preciso lhe alertar: enquanto não estivermos conscientes, o aprendizado continua a se refletir nas nossas atitudes e posturas, tanto positivas como negativas – ou seja, podemos adotar ou rejeitar por completo o que ensinaram nossos pais e, ainda assim, estaremos honrando suas existências e lições. E o fazemos desde a infância porque queríamos obter, deles, amor.
Veja esse exemplo. Uma de minhas ex-alunas chegou ao Processo Hoffman com o seguinte relato: “Meus pais eram extremamente agressivos. Discutiam muito, gritavam, às vezes ameaçavam-se fisicamente. Faziam o mesmo comigo. Sentia muita tristeza! Hoje, entendo as razões deles, acredito que eram incapazes de fazer melhor do que aquilo, eram pessoas com pouca instrução. Mas não autorizo que ninguém grite comigo. Se meu marido levanta a voz para mim, grito ainda mais alto”.
Percebe o quanto é curioso? Ela, na infância, havia sofrido com a agressividade dos pais. Mas, como não tinha ainda discernimento intelectual para assimilar essa informação, cresceu com a memória emocional das brigas, discussões, ameaças.
Hoje, adulta, sem perceber, recriava o ambiente em que cresceu. Tinha se tornado, também, uma mulher agressiva, impaciente, pronta para “gritar ainda mais alto”, como ela própria contou. Ela queria mudar isso, mas, quando percebia… Repetia automaticamente estes comportamentos, porque havia criado um caminho emocional de aprendizado dentro dela e que foi feito “por amor”, por vínculo afetivo ao pais – um amor negativo.
O que lhe faltava era consciência desse processo e o quanto ele era negativo para ela própria. Quando compreendeu sua trajetória, pude ajudá-la a perdoar a seus pais e a si mesma para, a partir da consciência sobre a origem de seu aprendizado comportamental, buscar dentro de si um novo caminho para suas atitudes e, com treino, internalizar suas mudanças. Sentiu-se livre para oferecer seu amor de outra forma.
Veja, então, como dizia Bob: “ninguém pode dar amor a não ser que o tenha e o sinta”. O que muitas vezes passa por amor é meramente a falsidade de representar o amor a fim de receber ou conseguir amor dos outros (dar para receber).
Em sua obra, Bob também afirma: “o amor verdadeiro só pode ser manifestado quando nos aceitamos e nos amamos. Então poderemos dar por dar e não ficar excessivamente preocupados em receber algum retorno. O que é nosso virá a nosso encontro de qualquer modo. O Amor Negativo é um vício compulsivo que impede nossa habilidade de amar livremente”.
Em busca do amor verdadeiro
Aplicado há quase cinco décadas, o Processo Hoffman busca tornar consciente o Amor Negativo que está inconsciente. Afinal, enquanto permanecemos cegos à nossa cegueira, vivemos nossas vidas sem escolha.
Contudo, há algumas opções reais. Para nos libertar, temos de prestar contas a nós mesmos. Temos de querer ver quem e o que nos tornamos, com total honestidade.
Proponho agora a reflexão: como era a relação de seus pais? Eles eram carinhosos, amorosos? Frios, distantes? Negligentes, abandonadores, mesquinhos, desrespeitosos? Generosos, comprometidos, sensíveis?
Pergunte-se honestamente. Reveja sua história, do começo. Lembre-se do que você aprendeu e assimilou como amor. Busque compreender como tais aprendizados influenciaram e influenciam a pessoa que você é hoje, para o bem e para o mal.
E, se desejar, conte com a minha ajuda. Conte-me sua história e eu terei um enorme prazer em lhe ajudar: [email protected]