Como lhe contei na última semana, estou produzindo uma série de conteúdos inéditos para colaborar com todos aqueles que, assim como eu, desejam profundamente que o ano que vem seja repleto de revoluções, transformações e renovações para melhor. Afinal, não é essencialmente isso o que queremos para nossas vidas?
Na verdade, eu iria ainda além: o que TODOS nós queremos de verdade, saibamos ou não, assumamos ou não, é amor. Desde pequenos – quando aprendemos com nossos pais e cuidadores esse conjunto de valores e de paradigmas que, até hoje, norteiam os nossos comportamentos –, trazemos incutido em nossa existência um desejo profundo de receber e oferecer amor incondicional.
É isso mesmo! Ansiamos por sentir que somos amados, reconhecidos, admirados e apreciados por nós mesmos e pelo outro; da mesma forma, queremos entregar tudo isso às pessoas que estão ao nosso redor. Mas se é amor o que tanto queremos, por que é que atravessamos tantas fases de tamanho desamor?
O tema de hoje é vida a dois – como é que você pode agir ou transformar a si mesmo(a) para construir relações amorosas mais sólidas, positivas e longevas. E, esteja solteiro(a), namorando ou casado(a), eu posso lhe garantir que dá para ser mais feliz nesse quesito. O primeiro passo, como sempre digo, é o Autoconhecimento.
Por isso, antes de prosseguir, eu proponho que você se observe com honestidade e me responda: quanto e como está disposto(a) a negociar com o outro para, enfim, estabelecer uma relação de troca mais verdadeira, profunda e honesta? Baseada, de fato, em respeito, carinho e admiração? Aliás… Você está mesmo disposto(a)?
Quanto e como está disposto(a) a negociar com o outro para, enfim, estabelecer uma relação de troca mais verdadeira, profunda e honesta? Baseada, de fato, em respeito, carinho e admiração? Aliás... Você está mesmo disposto(a)?
“Eu sou assim mesmo e não vou mudar”
Recentemente, estávamos todos dando início a mais uma turma do Processo Hoffman quando uma aluna contou que atravessava um momento muito delicado no casamento. Estava tão descontente com a relação que considerava encerrá-la.
Ela contava que seu marido, há alguns meses, não fazia nada além de lhe dirigir uma série de críticas. “Ele passou a reclamar de tudo a meu respeito, inclusive sobre aspectos que são parte da minha essência, de quem eu sou”, dizia. “Mas sou assim desde quando ele me conheceu, então, é claro que não vou mudar!”.
Veja, de fato, mudar pelo outro não é saudável e nem sustentável. Até porque, se já é difícil mudar por nós mesmos e quando a decisão é pura e simplesmente nossa, imagine só fazê-lo por mais alguém! Ainda assim, há algo que muita gente parece ignorar quando o assunto é a vida a dois: a receita do sucesso é e sempre será a negociação, ou seja, ambos precisam topar ceder de vez em quando para chegar a acordos satisfatórios para os dois lados.
Numa relação bem-sucedida, nem eu saio ganhando, nem você (mesmo porque não há nada em jogo, então, não deve haver vencedores). A busca é que todos nós fiquemos felizes, nem só eu, nem só você. E, assim, tenhamos a oportunidade de aprender um com o outro, e um sobre o outro.
De volta ao caso dessa nossa aluna, o ponto xis ali era: ela não estava, até então, nada disposta a negociar. Ao contrário, adotou o comportamento cobrador, que é supercomum em casos assim – “eu sou assim mesmo, não vou mudar e, se ele me amasse de verdade, entenderia e perdoaria”.
O que quero mostrar, portanto, é que esse é o processo que tem nos causado tanto desamor. Na busca por amor, esperamos que o outro faça, mostre, entregue, doe – mas, essencialmente por medo de nos magoar, deixamos de fazer o mesmo, ou seja, de mostrar, de entregar e de doar. E aí, claro, a conta nunca fecha!
Estamos sempre devendo ao outro; e o outro também está sempre nos devendo. Por isso, precisamos quebrar esse paradigma se quisermos viver um relacionamento verdadeiramente saudável, o que requer coragem, empatia e muito, muito amor-próprio.
Como encontrar o amor incondicional
Aqui, nesse ponto, gostaria de desfazer uma confusão muito comum quando o assunto é vida a dois. A maior parte das pessoas, sejam homens ou mulheres, heterossexuais ou homossexuais, jovens ou velhos, nutre o mesmo desejo: encontrar um(a) parceiro(a) ideal que lhes ofereça amor incondicional.
Em seus sonhos, essa pessoa será capaz de valorizá-las acima de qualquer coisa, perdoar a todas as suas falhas e, ainda, terá um conjunto de características específicas que atendam a seu próprio gosto – será pontual, inteligente, esforçado(a), espirituoso(a), rico(a), entre tantas outras possibilidades.
Bem, infelizmente, esse é o engano que mais bloqueia as chances de felicidade. Primeiro porque, para começar, só existe uma possibilidade de viver o amor incondicional: através do amor-próprio. Ainda que tenham tentado, e tentado muito, nem mesmo nossos pais e familiares puderam nos entregar amor incondicional. Por que é que nossos parceiros ou parceiras o fariam?
Sair dessa ilusão é essencial para uma vida a dois mais saudável. Nós, sozinhos, somos sim capazes de nos amar independentemente e acima de qualquer coisa. Você, sozinho(a), pode, sim, olhar-se no espelho, reconhecer todas as suas qualidades e defeitos, para aceitar-se profundamente: “este sou eu e tudo isso me compõe, inclusive todo o meu bem e todo o meu mal; isso é o que me torna uma pessoa única no mundo, digna de receber amor e de doar amor”.
Apropriar-se de si desta maneira abre seu caminho para um outro universo, onde as relações se estabelecerão de maneira mais sincera. Até porque a falta de honestidade é uma das grandes queixas dos casais. Muitos olham para o passado e assumem com grande decepção: “no início, meu parceiro ou parceira não era assim; agora, virou outra pessoa”. Isso já lhe aconteceu? Ou será que você já ouviu essa história?
Pois então, é disso que estou falando. É claro que, no início, nós tendemos a apresentar ao outro a nossa melhor parte. Mas, frequentemente, deixamos esse melhor lado pelo caminho e passamos a entregar apenas o nosso pior – afinal, temos certeza de que o outro já ‘abandonou o barco’, então, temos de fazer o mesmo!
Essa espera pelo outro, essa mania que tantos têm de acusar e dizer “que foi ele(a) quem começou” só causa sofrimento interno. Porque, de novo, queremos um amor incondicional que nunca virá e, assim sendo, nada do que o outro faz é ou será suficiente.
Dê um basta na ilusão!
Por isso, a minha proposta para esse ano é que você construa uma vida a dois mais saudável, plena e feliz a partir de si! Chega de esperar do outro. De cobrá-lo. De idealizá-lo.
De achar que é dele(a) o papel de ceder, de reconhecer, de fazer e de acontecer.
Assuma a responsabilidade e o amor por si. Você não deve nada a ninguém, nem ninguém lhe deve nada. Zere as contas emocionais, perdoe-se e perdoe ao outro, e comece tudo de novo.
Se seu marido ou esposa não quer lhe acompanhar naquele passeio que você tanto gosta, tente negociar. Proponha uma troca saudável: se ele(a) estiver ao seu lado nessa ocasião, você também cederá e fará, ao lado dele(a), aquela outra atividade a qual costuma recusar. Se, ainda assim, não chegarem a nenhum acordo, saia do papel de vítima. Vá você ao seu passeio e curta-se sozinho(a), leve, e de bem com a vida! Ok, não foi dessa vez que ele(a) topou, mas isso não significa que seu dia está arruinado, que a relação acabou, que há falta de amor. Significa única e exclusivamente que ele(a) não topou; sem trocos, sem vinganças, sem ressentimentos.
Se você está solteiro(a) e em busca de uma relação, o mundo não lhe deve um favor apenas porque é um bom partido (aliás, você se acha um ‘bom partido?’). Arrume-se, conecte-se à sua beleza rara, às suas qualidades. Elogie-se e vá à luta.
Em suma, a minha proposta é que todos nós saiamos do paradigma ilusório do príncipe e da princesa encantados. Não há relação saudável que se estabeleça num passe de mágica, sem muito esforço e comprometimento de ambos os lados.
Não sei você, mas, para mim, esse é o amor que mais vale a pena: aquele construído a quatro mãos, dois corações e muita, muita disposição para crescer juntos!
Bem, por hoje é só. Espero que tenha lhe inspirado a viver um grande amor daqui em diante… Consigo mesmo e, depois, com quem escolher para andar ao seu lado.