O que acontece quando você mantém suas emoções reprimidas

O que acontece quando você mantém suas emoções reprimidas

Heloísa Capelas
Postado por: Heloísa Capelas
28 de Nov - 2017
Autoconhecimento e Inteligência Emocional
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O que acontece quando você mantém suas emoções reprimidas
Você já esteve diante de uma situação que lhe causou muita raiva, medo ou estresse, mas, por qualquer motivo, simplesmente não podia demonstrar que era isso o que estava senti [...]

Você já esteve diante de uma situação que lhe causou muita raiva, medo ou estresse, mas, por qualquer motivo, simplesmente não podia demonstrar que era isso o que estava sentindo?

 

Se já viveu algo parecido, você certamente sabe como é difícil aprisionar nossas emoções para não deixar que venham à tona.

 

Aliás, a dificuldade em lidar com as próprias emoções é uma das principais queixas apresentadas pelos alunos que vêm ao Processo Hoffman. Alguns deles nos contam que não conseguem evitar suas reações impulsivas diante dos acontecimentos, enquanto outros viraram verdadeiros “experts” em esconder os sentimentos. Entre esses dois tipos, há uma grande variedade de comportamentos, mas todos, sem exceção, nos contam da dor que vivem por não conseguirem lidar melhor com as próprias emoções.

 

Antes de continuar, primeiro, quero lhe dizer a mesma coisa que digo aos meus alunos durante os sete dias de treinamento: desenvolver a Inteligência Emocional é um passo fundamental para obter a cura emocional – que, por sua vez, é o que nos traz saúde, longevidade, bem-estar e paz de espírito.

 

E, como o nome indica, Inteligência Emocional é a capacidade de lidar com os nossos sentimentos das melhores formas possíveis. Na prática, isso significa que é impossível evitar as emoções negativas; medo, raiva, ansiedade, tristeza, tudo isso faz parte das nossas vidas e, em várias instâncias, são sentimentos que contribuem para que nos tornemos a melhor versão de nós mesmos… Desde que, é claro, saibamos reconhecer e lidar com eles, em vez de simplesmente ignorá-los ou de reagir a eles sem pensar ou perceber.

 

Aqui está o grande xis de toda essa questão: a maior parte das pessoas lida com as próprias emoções sem pensar ou perceber. Quando inundadas por raiva, medo ou ansiedade, muitas até se dão conta de que é isso que estão sentindo; no entanto, não conseguem ir além para perceber, com clareza, o que é que estão fazendo com o que estão sentindo. E é assim que muitas, infelizmente, acabam por reprimir as próprias emoções – e tendo de enfrentar os diversos prejuízos associados a este comportamento.

 

Ao reprimir as suas emoções, você dá poder ao que está do lado de fora. Você abre mão da sua liberdade e da sua responsabilidade em definir como é que vai se comportar diante desse sentimento – afinal, a sua escolha é a de ignorá-lo na esperança de que desapareça. 

 

A força das emoções reprimidas

 

A metodologia Hoffman se baseia numa teoria chamada Síndrome do Amor Negativo. O que essa teoria defende é que todos nós, adultos, trazemos da infância uma série de aprendizados que norteiam as nossas escolhas e comportamentos até hoje.

Esse ‘conjunto de diretrizes’ veio de nossos pais; foram eles que nos ensinaram, direta e indiretamente, a pensar e a agir de determinada maneira. E nós, como éramos crianças, aprendemos por cópia e repetição.

Pois bem, se, hoje, somos adultos treinados a ignorar, esconder e reprimir as nossas emoções, pode ter certeza de que não decidimos agir assim por conta própria. Ou seja, se você se identifica com esse comportamento, eu posso lhe garantir que você não o inventou. Talvez, seus pais tenham lhe dito que, no mundo dos adultos, não havia espaço para sentimentos, e você só seguiu essa instrução. Talvez, eles próprios fossem pessoas altamente impulsivas e emotivas, e, por isso, você achou por bem construir uma vida “sem” emoções.

 

Não sei qual foi a sua história, mas eu sei que tem uma história por detrás desse comportamento – e que ela é só sua. Então, o primeiro passo para transformar a si mesmo(a) é descobrir como e quando foi que você aprendeu a reprimir suas emoções, bem como a razão inconsciente que o faz continuar agindo assim até hoje.

 

E sabe por que você deveria seguir este caminho? Porque as emoções reprimidas tendem a ganhar um peso e uma força imensa enquanto não as reconhecemos, enquanto não damos espaço para que se manifestem.

 

Volte à pergunta que lhe fiz logo no início deste artigo e pense comigo: quando você teve de “calar” sua raiva ou tristeza diante de uma situação, o que veio em seguida? Será que esta raiva acabou se transformando num rancor imenso, algo que você não consegue perdoar até hoje? Será que nunca mais conseguiu falar com a pessoa que lhe causou este sentimento, que se afastou e decidiu dar um fim a essa relação? Ou, ainda, que nunca mais voltou a esse lugar em que se sentiu dessa forma?

 

Alguma coisa negativa lhe aconteceu como consequência daquele momento. E eu só sei disso porque se você não tivesse reprimido suas emoções, hoje, não se lembraria mais desse episódio. Ele não teria lhe marcado tanto assim.

 

O perdão é a cura para as emoções reprimidas

 

É isso o que fazem as nossas emoções reprimidas: elas continuam a ressoar nas nossas mentes e nos nossos corações de tempos em tempos, nos levando a reviver episódios negativos que marcaram a nossa trajetória.

 

No meu livro “Perdão, a Revolução que Falta”, eu descrevo esse processo detalhadamente, mas, essencialmente, o que acontece é que nosso cérebro não consegue diferenciar o passado do presente, a realidade do pensamento. Então, se pensamos novamente em algo que já aconteceu e que já nos causou dor, muito provavelmente vamos sentir parte daquela dor mais uma vez. Não é à toa que o nome desse comportamento é “re-sentir”, ou seja, sentir de novo.

 

A ciência já comprou que o ato de ressentir está associado ao surgimento de diversas doenças, inclusive o câncer, o que, por si só, já é uma boa razão para se livrar deste comportamento. Mas, para além disso, aprender a lidar com as próprias emoções em vez de escondê-las ou reprimi-las nos traz uma série de vantagens, principalmente autonomia e responsabilidade frente às adversidades.

 

Veja que, quando eu me torno consciente dos meus sentimentos, quando assumo que me sinto de determinada forma diante de determinada situação, eu também ganho a chance de escolher como é que vou agir diante desse sentimento. Ou seja, em vez de simplesmente reagir impulsiva e compulsivamente, eu me dou uma oportunidade de decidir. Eu consigo dizer “agora estou muito nervosa e sem condições de continuar esta conversa” em vez de devolver a maneira como me sinto ao outro – “você sempre faz isso”, “você está me tirando do sério”, “você deve estar fazendo de propósito”.

 

Percebe o que estou dizendo? Ao reprimir as suas emoções, você dá poder ao que está do lado de fora. Você abre mão da sua liberdade e da sua responsabilidade em definir como é que vai se comportar diante desse sentimento – afinal, a sua escolha é a de ignorá-lo na esperança de que desapareça.

 

Como lhe disse, as chances são de que esse sentimento vai continuar aí, pronto para lhe incomodar tão logo você se lembre do que aconteceu. E, então, que tal deixá-lo transbordar para que possa, enfim, perdoar o que houve e seguir em frente sem ressentimento?

 

Espero que tenha gostado deste conteúdo!

 

Heloísa Capelas
Heloísa Capelas
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CEO do Centro Hoffman, palestrante e autora best seller, é considerada uma das maiores especialistas em Autoconhecimento e Inteligência Emocional do Brasil.

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