Será que você já se viu na chamada zona de conforto? Digo, você já viveu algum momento na sua vida pessoal ou profissional em que se contentou com as coisas da forma como estavam – ainda que, lá dentro, soubesse que tudo poderia (e até deveria) ser melhor?
Honestamente, acho que nunca conheci alguém que não tenha passado por essa experiência. Creio que todos nós, consciente ou inconscientemente, acabamos por nos acomodar com algumas situações cotidianas, mas só porque essa parece ser a escolha mais óbvia e fácil, ainda que cause problemas e dores.
Você ficaria surpreso(a) se soubesse quantos alunos passam pelo Processo Hoffman e trazem, como queixa, justamente o fato de estarem profundamente acomodados e, o pior, sem nenhuma motivação para virar o jogo.
Alguns, por exemplo, estão presos a relacionamentos totalmente falidos porque temem lidar com a separação ou porque se dizem sem coragem para dar um passo tão grande. “Como eu vou viver sem ele(a)?”; “já aguentei até aqui, posso ficar mais um pouco”; “se terminar essa relação agora, o que é que vou fazer da minha vida?”.
A lista de frases que usam para justificar sua escolha é imensa! Mas, essencialmente, o que essas pessoas nos relatam é que tomam a decisão de permanecer nesses relacionamentos por medo do desconhecido.
O mesmo acontece quando se está na zona de conforto na carreira e no trabalho. As pessoas que se acomodam profissionalmente, de um jeito ou de outro, aprendem a conviver com a desmotivação, com a falta de criatividade e de comprometimento, essencialmente porque não imaginam outro caminho para suas carreiras.
Em comum, o que elas vivem é um medo paralisante de arriscar, de tentar, de procurar por uma outra opção. E, para validarem o próprio conflito, recorrem aos mais diversos subterfúgios para se convencerem de que talvez, quem sabe, a realidade que enfrentam não seja tão ruim assim.
Resignação é uma habilidade valiosa, e eu vou lhe explicar o porquê. Aceitar aquilo que se passa, da forma como se passa, acreditando que tudo que acontece, acontece por um motivo, é um exercício fenomenal e poderoso. Na metodologia Hoffman, chamamos a isso de positividade – uma prática que fomenta, nas nossas vidas, a mais profunda conexão com a nossa Inteligência Espiritual, afastando o sofrimento e gerando bem-estar.
Mas há uma grande diferença entre positividade e comodismo. No primeiro caso, de fato, não há nada que possa ser mudado. Não há o que possa ser feito, não há outro resultado que possa ser colhido, não há outro caminho, não há nenhuma alternativa que não aceitar, de braços e coração aberto, a realidade que se apresenta, como ela se apresenta.
Já no segundo caso, somos nós mesmos os responsáveis por construir uma realidade fechada e, portanto, imutável até segunda ordem. E, sim, nós somos poderosos assim: enquanto dissermos, para nós mesmos, que algo é impossível de ser alterado, transformado ou mudado, eu lhe garanto que essa será a verdade.
Por isso, o primeiro passo para sair da zona de conforto é acreditar que é possível sair da zona de conforto. Do contrário, não vale a pena nem tentar.
O Autoconhecimento é o caminho para todas as transformações que desejamos empreender nas nossas vidas. E uma das razões para isso é que, quando compreendemos por que é que estamos fazendo determinadas escolhas, fica muito mais fácil modificá-las.
A relação que estabelecemos com o nosso próprio corpo costuma ser um ótimo exemplo do que fazemos quando estamos na zona de conforto. Muita gente perde ou ganha peso quando se acomoda, o que, geralmente, causa sérios problemas de autoestima. Mas, em vez de tomarem uma atitude para promover a mudança necessária e resgatar o amor-próprio, elas apenas… Se acomodam mais ainda.
Há muitas maneiras de explicar por que isso acontece, mas o que quero chamar sua atenção neste artigo é que, enquanto não tiver autoconsciência das SUAS razões para agir desta ou daquela determinada maneira, terá menos chances de conseguir empreender a mudança necessária para sair da zona de conforto.
De volta ao exemplo, diante da guerra com a balança, há quem se convença de que não vale a pena tentar inverter o jogo;
De que é melhor desistir logo desta batalha, afinal, mais cedo ou mais tarde, “eu vou engordar/emagrecer tudo de novo”;
De que é melhor “não me preocupar com isso agora”, porque “lá na frente faço algo a respeito”.
Ah, isso sem falar da mente dos especialistas em autoboicote, que aparentemente viverão o inverso do complexo de inferioridade e repetirão coisas como:
“Eu não me importo de ter engordado/emagrecido tanto”.
“Para mim, não faz diferença que esteja assim”.
“Eu não me preocupo com a minha aparência”.
Falei da relação com o corpo, porque, também, este é outro aspecto em que a maior parte das pessoas se acomoda – e sofre por estar na zona de conforto. E aqui está outra coisa que quero que você perceba: quando falo de zona de conforto, estou falando sobre algo que necessariamente causa sofrimento e prejuízo à sua vida, ainda que não perceba ou não queira admitir.
Ou seja, se você estiver acima ou abaixo do peso, mas estiver realmente saudável e contente com sua aparência e porte físico, muito bem, siga em frente, e saiba que fico muito, muito feliz por você! Mas, do contrário, o meu pedido é que pare de se contar a história de que está tudo bem assim…
Isso vale para todas as áreas da sua vida. O movimento para sair da zona de conforto começa com você se vendo por inteiro e admitindo, para si, os motivos que lhe levam a se “autoaprisionar” neste lugar.
Do que é que você está com tanto medo? O que é que você acredita, tão profundamente, que vai perder se mudar de estado civil, de emprego, de casa, de cidade…?
E se você, de fato, perder… Qual é o problema?
Mais que isso: quais são os possíveis ganhos que uma mudança como essa pode lhe trazer – e que, neste momento em que está preso(a) à sua zona de conforto, você não consegue nem vislumbrar para a sua vida?
A zona de conforto é um conjunto de crenças que lhe faz ter certeza de que isso, exatamente tudo isso que você tem/vive agora, é tudo o que você merece ter e viver. E eu lhe garanto que você merece mais, mas, como disse, o primeiro passo é você acreditar nisso também!
Bom, espero ter lhe ajudado com esse conteúdo.